quarta-feira, agosto 26, 2009

A volta ao trabalho

Fui ao banheiro pra dar aquela cagada de fim de dia pra enrolar no trabalho e gastar o papel higiênico da empresa. Quando passo pelas pias, vejo um conhecido meu aqui do trabalho escovando os dentes pra ir embora.

Dou um oi e sigo meu rumo em direção ao sagrado troninho. Sento e começo a jogar no celular enquanto faço o que fui pra fazer.

O cara, acabou de escovar os dentes e começou a puxar assunto comigo. Eu já não gostei disso. Odeio cagar conversando com alguém. Quero paz e tranquilidade no meu momento de assinar a lei áurea.

Mas tudo bem, vamos ser simpáticos. O cara continua puxando assunto enquanto eu fico dando apenas respostas monossilábicas.

Então percebo que a voz dele se aproxima cada vez mais de onde estou. Ele abre a porta do reservado ao lado, senta e começa a peidar - tudo sem deixar o assunto morrer.

Taí outra coisa que odeio: cagar em companhia. Porra, eu já estou fazendo a maior sujeira da minha parte e ainda vem alguém contribuir pro ar poluído!? Fala sério! Aguentar minha própria sujeira é uma coisa, mas aguentar a sujeira dos outros é foda!

Enfim, continuo o papo pensando que é importante fazer o teatro social e tudo o mais. Termino o que tenho pra fazer, me limpo e vou limpar minha mão. O cara faz o mesmo e me encontra na pia.

Aí ele vira e fala que já está indo embora e vem me dar um beijo no rosto.

Adendum: nas Argentinas, homens se cumprimentam com um beijo na bochecha. Sempre.  E se você chega no trabalho ou está indo pra casa e não beija TODO MUNDO da empresa, nego fica MUITO puto com você e não te dá presente no seu aniversário. Eu gosto de receber presente de aniversário.

Muito bem, recapitulando: o maluco além de puxar assunto enquanto eu cagava, resolveu cagar junto E puxar assunto e, no final das contas, ainda queria dar um beijo na bochecha antes de lavar a mão e depois de dar uma cagada fedida como o diabo. Sim, porque apesar  da minha fábrica de quibe, o balançar das roseiras dele foi muito pior.

Aí mandei a sociabilidade pro caralho, mandei tomar no cu o desgraçado que inventou que brasileiro é sempre gente boa e feliz e falei que não rolava. E fiz cara de sério.

Acho que não vou ganhar presente de aniversário no ano que vem...

Todo meladinho

Não sei porque, mas há uma semana comecei a escutar a JB FM via internet enquanto trabalho.

Queria escutar músicas que não tivesse que escolher nem me preocupar. Já tinah escutado Cidade, Paradiso e MPB FM – resolvi dar uma chance pra JB.

E ela não tem me decepcionado desde então. É incrível como eles têm uma seleção impecável músicas mela-cueca da década de 80 até os dias de hoje.

Tem Simple Red, Phil Collins, Tears For Fears, Genesis, Sade, Cindy Louper, Simon and Garfunkel, Paul Simon, Simone, Roberto Carlos, Marisa Monte, Marina Lima, Jorge Vercilo, Ana Carolina e Belchior.

Estão todos do mundo mela-cueca juntinhos e meladinhos cantando suas musiquinhas meladas e pegajosas.

Estou viciado.

segunda-feira, agosto 24, 2009

No momento, não estou. Deixe seu recado após o bip.

Problemas de identificação me impedem de dormir. Acho que me perdi em algum momento e não consigo voltar a mim mesmo.

Ou eu era eu mesmo? Ou será que eu era outra pessoa e agora eu sou eu?

Bom, fato é que eu me esqueci/mudei/nunca soube várias coisas sobre mim e isso tá me deixando maluco. Ou são, sei lá!

Não digo que seja uma questão de descobrir que na verdade me chamo Tyler Durden e ando por aí em encontros de doentes terminais de câncer de próstata.

É só que eu tava precisando que alguém me dissesse quem sou eu, o que eu gosto de fazer, o que eu sou bom fazendo e o que eu devia fazer a respeito. Só isso. Simples assim.

Mas quando você percebe que não tem ninguém com quem você realmente e profundamente se identifique no momento, alguém que simplesmente sentaria do seu lado e diria algo do tipo “Cara, nem precisa falar nada que eu já saquei tudo. Vamos lá que eu vou te ajudar. Eu sei exatamente do que você precisa.”

Eu tenho excelentes amigos. Excelentes. Pessoas que eu amo de coração e que conhecem muito de mim. Mas não tudo.

Eu tenho uma esposa que é minha melhor amiga. Sem clichês. Mas às vezes, estar perto demais atrapalha na hora de ver as coisas. E eu preciso dela perto demais para ver outras coisas que só ela pode ver.

Mas o pior é olhar para a sua família e perceber que o cordão umbilical não só foi cortado como já secou, ficou preto e apodreceu no lixo. Não consigo me identificar em nenhum dos meus familiares – não o suficiente para os tipos de questões que eu preciso que respondam.

Mas aí eu penso com os meus botões: se eu não estou conseguindo me identificar com ninguém, ninguém mesmo, acho que não consigo me identificar em mim mesmo. E acho que é mais por aí. Por isso o início desse post. Em algum ponto do caminho eu ligeiramente me distanciei de mim e ainda não me achei.

E acho que o que mais me deixou bolado foi uma cena de um filme que eu vi ontem [e hoje de novo]: Ligeiramente Grávidos. O cara tá no parque com um pai de duas filhas pequenas e elas estão se divertindo absurdamente com bolinhas de sabão. Absurdamente. Aí o cara vira e fala “Queria gostar tanto de alguma coisa como essas crianças gostam de bolinhas de sabão neste momento”. Tipo, incondicional, sem restrições, sem limites, se jogando profundamente no prazer de simplesmente gostar de algo.

Eu queria descobrir isso em mim também. Acho que me ajudaria a me encontrar.

Tava precisando me descobrir como eu sou. Se tiver uma idéia, me avisaê!

terça-feira, agosto 18, 2009

Mais maior de grandes bem imensão mesmo baita enorme

Ontem à noite eu assisti de novo a Albergue Espanhol, um filme que eu já achava legal por méritos próprios.

É divertido, um foco interessante de assuntos de vestibular chatos e personagens comuns com quem você se identifica ou encontra algum amigo seu.

Fato é que já tinha gostado quando vi pela primeira vez. Mas ontem, eu redescobri o filme em um de seus pontos mais interessantes, mas que eu não tinha dado a devida relevância: ele está vivendo em outro país.

Cara, é incrível como eu me identifiquei com vários “aspectos menores” do filme, toda a questão da adaptação, de ser aceito, de ser sacaneado de tudo.

Bobeira de quem está com saudades de casa? Talvez. Mas acho que quem já passou ou passa por essa mesma situação consegue saber. E não é saudosismo da pátria-mãe afastada, mas sim uma questão um pouco maior.

Acho que nesse tempo de quase um ano fora do meu país, fora da minha cidade, fora dos meus círculos de amizades e família, fora da minha vida, descobri que a minha vida é muito maior do que essas coisas todas. E todas elas também.

Acho que me descobri maior do que eu mesmo.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Fixação

Depois de passar uma tarde trabalhando em casa ao lado da patroa, eu de licença por conta da perna e ela super-gripada, a verdade é que ela ficou o tempo todo comentando as receitas do Canal Gourmet.

Eu sei que em determinado momento, começou um programa cujo o tema é: receitas da vovó. As mães ou avós dos cozinheiros apresentadores dos programas do canal apresentam uma receita do seu feitio.

Só sei que a mulher que apareceu era muito estranha. Além de estar usando uma mega ombreira estilo “Working Girl”, ela mexia os braços enquanto produzia sua receita mas o corpo não se movia um centímetro. Parecia um fantoche cujo manipulador do boneco só mexia os fios dos braços.

Só sei que a tal “receita da vovó” da mulher nada mais era que uma salada. Mas era uma salada em que tudo era recheado.

O tomate era recheado. O ovo era recheado. O rabanete era recheado. A azeitona era recheada. Só faltava a mulher rechear a porcaria da ervilha!!!

Incrível.

E você via na cara da velha a expressão de alegria e profundo prazer em rechear tudo o que podia, tudo o que tinha na frente.

Eu pensei comigo “Freud explica: essa mulher tem uma puta fixação anal não resolvida.”

Beleza, quem sou eu pra falar de fixações anais depois dos posts dessa semana? Mas o fato é que eu não ando por aí imaginando que legumes eu poderia acrescentar à minha salada pra deixá-los bem recheadinhos. Eu não!

O pior é que a salada ficou igualzinha às saladas que a minha avó fazia. E iguais às que a avó da minha metade-cara também fazia. E aposto que iguais às que as suas avós fazem ou faziam. Até o sorriso de satisfação ao apresentar o prato era o mesmo!

Ou seja, foi toda uma geração com sérios problemas de fixação. Ainda bem que eu sou da geração X e tomo Pepsi.

quinta-feira, agosto 13, 2009

No Limite

Bom, vou dividir com todos uma peculiaridade que eu tenho: eu tenho hora marcada para sentar no trono.

Todo dia, mais ou menos no mesmo horário, eu preciso adubar o vaso.

Não tem jeito. Ignorar só piora a situação para mim e para quem estiver em volta.

Bom, dito isso, devo lembrar a todos que eu estou com o pé imobilizado porque torci o tornozelo.

Todo dia faço fisioterapia que fica a duas quadras aqui de casa – o que significa que é perto demais para pegar um táxi, mas longe o suficiente para demorar 20 minutos pra eu chegar mancando.

Todo dia eu já saio da fisioterapia pensando em dar um choque de ordem no banheiro o mais rápido possível e é torturante o percurso até chegar no meu meditation room.

Hoje, Deus quis dar aquela sacaneada e me deixou preso no elevador por 20 minutos.

Cara, fiquei 20 minutos preso dentro do elevador, sozinho, sem luz e com a criança por nascer.

Resolvi que não havia o que fazer e tive que aliviar a pressão. 20 minutos suspirando pelo lado errado dentro de um ambiente fechado.

Só sei que quando o cara da assistência técnica do elevador abriu a porta junto com a zeladora do prédio a minha mãe, os três torceram o nariz quase que imediatamente.

Tô nem aí! Saí daquela câmera de gás e fui correndo pro banheiro fazer o meu Pollock do dia.

Triste...

quarta-feira, agosto 12, 2009

Vida de cão

Não é surpresa para ninguém que pensamos em ter filhos. Não rola agora por motivos mil.

Por isso, compramos um cachorro pra dar uma aliviada na vontade e nos testarmos um pouco.

É que nem aquele filme da Sandra Bullock: se você conseguir manter uma planta viva por um ano, você vai e compra um cachorro. Se mantiver o bicho E a planta vivos por um ano, você arruma um filho.

Pois bem, matamos a planta mas compramos o bicho – foda-se a Sandra Bullock!

*****

Por conta disso, temos aprendido muito sobre como nos comportamos quando temos que cuidar de alguém, como reagimos às dificuldades e, principalmente, na hora de disciplinar o cão.

O blog da Carol tem os detalhes disso, então não vou repetir o que ela escreveu tão bem [puxa-saco!].

Basta contar que tivemos que buscar ajuda do Encantador de Cães.


Sim, porque a cada vez que o Chimi fazia alguma coisa errada ou se descobria alguma coisa errada, a Carol soltava um berro de leão na selva avisando que tá com fome.

O coitado do cachorro saía correndo pra baixo do sofá e não saía nem a pau.

O pior é que, na última vez que rolou isso no outro dia, eu tava na sala quieto na minha quando veio o berro.

Se eu não estivesse com o pé imobilizado e o tornozelo ferrado, tinha saído correndo também.

*****

Comprar cachorro = teste pra filhos e maridos.

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Pra terminar, olha como eu já fui fofo [e sempre me identifiquei com cachorros].

terça-feira, agosto 11, 2009

As incertezas da vida

-Temos que fazer algo, sabe?
-Sei.
-Não sei...
-Eu também não.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Rapidinhas

Eu ouvi no rádio uma notícia pra lá de bizarra: uma mulher nos EUA [é claro] resolveu que vai se casar com um carrossel.

Isso mesmo, aquele brinquedo de ficar rodando no mesmo lugar.

Aparentemente, ela gosta muito, mas muito mesmo desse carrossel. Já andou no brinquedo mais de 5.000 vezes nos últimos cinco anos.

O brinquedo fica num parque de diversões a mais de 300 quilômetros de onde a mulher mora e ela visita o parque pelo menos duas vezes por ano.

Como parte do processo, ela resolveu adotar o sobrenome do fabricante do brinquedo como seu: Wagner.

Aparentemente, essa senhora tem um problema psicológico [dã!] que faz com que ela só sinta prazer sexual quando mexe com algum objeto específico.

Algumas mulheres escolhem um pepino, outras escolhem um carrossel, vai entender.

Fato é que a mulher só pode ser feliz quando dá uma voltinha no seu brinquedo dos sonhos.

*****

Agora as perguntas que não querem calar:

Como assim ela vai casar? Tem algum cartório e padre que vai aceitar essa comunhão?

Onde eles vão viver? Aposto que ela não tem uma cama que caiba o seu esposo.

O que os donos do parque de diversões acha dessa história? Eles venderam o brinquedo pra ela? Que burrice! Ele [e ela] era garantia de grana entrando o ano inteiro!

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Sobre o Clube do Vento Livre

Bom, alguns dos meus amigos, recém-solteiros, decidiram que o bom da vida é peidar. Isso é que significa ser feliz na vida.

Então resolvemos que devemos nos comunicar quando soltamos um peido digno de nota e trocar fotos de cocos bem esculpidos.

Mesmo não sendo solteiro, fiquei honrado em ser convidado para tão distinto clube. Assim sendo, resolvi dividir com todos algumas histórias minhas e do Chimi sobre o ilustríssimo assunto.

O Chimi é um cachorro que sabe o que quer com sua merda. Ele vai lá, caga e depois reaproveita a merda pra brincar ou pra lanchar, mesmo.

E é um cachorro também que peida. Além do hálito agradável de cu, por conta dos seus lanchinhos, ele tem o agradável hábito de soltar seus suspiros anais nos mais variados momentos.

Inclusive dormindo – o que descobri pela patroa que foi algo que ele copiou de mim. Mas ele peida podre dormindo – eu não.

Dentre as coisas desagradáveis que uma pessoa faz e que deixa os outros incomodados, mas que algum dia pode se voltar contra o próprio:

1) Ronco – conheço mais de uma pessoa que acordou assustada com o próprio ronco.
2) Arroto – conheço mais de uma pessoa que, brincando, foi arrotar na cara da outra e depois teve que abraçar a privada pelo que veio a seguir.
3)Peido – o Chimi é a única “pessoa” que conheço que já acordou assustada com o próprio peido. E não foi pelo barulho.

Eu, particularmente, só me lembro agora de uma história humilhante a respeito do tema. Eu estava num acampamento e todos já tinham dormido. Fiquei só eu e uma menina que eu pretendia levar para a minha barraca naquela noite.

Papo vai, papo vem, aquele ambiente gostoso e agradável, a conversa rolando solta e bem direcionada quando resolvo brincar de tambor com a minha barriga.

Vale dizer que na época eu fazia capoeira, então minha barriga era de tanquinho [que gay isso!].

Então, lá fui eu dar umas batidinhas na barriga e no meio do caminho das mãos para a dita cuja eu lembro qual tinha sido o almoço: feijão. Basta dizer que eu e o feijão não somos bons amigos. Eu adoro ele, mas ele sempre me sacaneia.

Fato é que não adiantou nada me lembrar disso. Meu cérebro foi lento demais na lembrança e no aviso à mão – e ela foi certeira no alvo.

Assim, no meio da paquera [beleza, falei que nem meu pai agora], eu solto aquele pum esporrento tipo motoca que não quer pegar. E podre. Ela não quis mais se meter na mesma barraca que eu.

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Torci meu tornozelo jogando futebol com a argentinada. Acontece.

Fato é que isso desencadeou uma série de acontecimentos na minha vida, alguns estranhos, outros doloridos.

A primeira é que não agüento mais ficar sozinho em casa. Saco e deprimente. Mas não preciso mais falar sobre isso porque já está no post anterior.

A outra foi que eu não tenho controle sobre o meu pé. Não mais.

Fui na fisioterapia e a mulher botou uns eletrodos na minha canela que fazem o meu pé ficar chutando sozinho, sem eu mandar. Eu fiquei muito bolado na primeira vez que isso aconteceu. Muito! Mas agora já me acostumei.

O pior foi na noite passada. Estava dormindo sonhando que jogava futebol. No meio da história, resolvi marcar “aquele” gol e chutei a patroa. CA-RA-LHO! Acordei urrando de dor. A Carol acordou assustada e eu passei o dia com essa merda mais inchada que o normal.

Você sabe que Deus te odeia quando: 1) ele faz você cortar a ponta do dedo que você usa pra tirar meleca; ou 2) ele resolve fazer você dar chutes dormindo – coisa que você nunca faz antes na sua vida.

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Chega. Já falei besteira demais.

domingo, agosto 02, 2009

Eu sei

Eu sei que eu devia escrever mais neste blog. Contar um pouco mais do que acontece aqui, devanear um pouco mais sobre o tudo ou sobre o nada e fazer umas piadas no meio do texto.

Mas não sai. Não consigo organizar minha mente para produzir textos, pra elaborar tudo o que tenho dentro da cabeça e não sai e o nada que tenho dentro de minh’alma que se esvai.

Eu sei que eu devia fazer mais coisas. Mais cursos, mais textos, mais viagens, mais compras, mais limpezas, mais amores, mais brincadeiras, mais conversas, mais trabalho, mais alegria e mais vontade. Eu devia fazer mais vontade. Mas não sai.

Eu acho que sei o porque disso tudo mas a verdade é que se me perguntassem não saberia dizer. Nada disso me é estranho e me surge como algo surpreendentemente novo.

Queria dizer que é um ciclo. É um ciclo. Relendo meu próprio blog eu percebo este ciclo claramente ao longo dos anos. Não é uma questão de como, quem, onde, quando, por que ou com quem. É só uma questão de o quê.

E o que é isso. Falta de palavras que digam por mim o que não sai de dentro espontaneamente.

O que mais me assusta é que não estou só. Nunca estive fisicamente nem emocianalmente. Mas descubro que a situação é mais conjunta do que parece. Infelizmente para todos em conjunto, mas felizmente para todos individualmente.

Não é bom se sentir só.