quinta-feira, outubro 09, 2008

Dinheiro é uma bosta

Não sei se foi de propósito ou se o pessoal de economia do G1 está mesmo fanfarrão, mas dá uma conferida na foto ao lado de uma nota de 20 mil dólares zimbabueanos [é assim de se chama?].

Cara, com uma inflação de 231.000.000 %, realmente essa nota amanhã não vale mais nada. Mas o pessoal da casa da moeda do Zimbábue precisa botar uma imagem de uma pilha de bosta impressa na nota?

Sacanagem...

quarta-feira, outubro 08, 2008

Desmunheca direito!

- Abre as mãos! Deixe-me ver seus dedos! Vai lavar as mãos!

Ok... Não sabia que pra pegar minha digitais precisava lavar as mãos antes, mas tudo bem.

- Abre as mãos! Deixe-me ver seus dedos! Vai secar as mãos direito!

Cara, se eu quisesse alguém berrando comigo, não precisava vir pras Argentinas.

- Abre as mãos! Deixe-me ver seus dedos! Bueno!

Putz! O mundo caminhou, mas por aqui as pessoas ainda acham divertido sujar suas mãos com tinta pra poder pegar suas digitais.

- Deixa as mãos soltas! Não deixa dura!

Cara, seu eu deixar minha mão mais solta que essa acho que desmunheco sem volta.

- Deixe-me ver se ficou boa... Ta ruim! Você fez errado! Tem que fazer de novo!

Lá vai ela sujar minha mão de novo. Cara, agora vou bem deixar minha mão o mais desmunhecada humanamente possível!

- Solta a mão! E faz direito agora!

Cara, faz o quê? É ela quem pega dedo por dedo e pressiona contra o papel. Minha parte é apenas deixar a mão solta e ter digitais. É muita cara de pau botar a culpa em mim!

- Não ficou boa de novo! Seu dedo está errado! [xingamentos e reclamações em espanhol impronunciáveis]

Meu dedo tá errado? O que ele fez? Eu hein!

- Mira, olha sua digital dos anelares. Estão completamente erradas! Está vendo aqui, como elas começam muito embaixo? Seus anulares estão ambos errados!

Sempre achei isso. Quer que eu os arranque fora? Eu hein!

- De novo! Agora deixa a mão solta e faz direito! Vou ter cuidado com esses seus anelares danificados.

Ei! Só eu posso falar mal dos meus anulares danificados! Velha escrota.

- Agora sim! Vai lavar a mão e vai embora! Próximo!

segunda-feira, outubro 06, 2008

The 80’s are back!

Ou Breguice nunca sai de moda

Quando estávamos pensando em vir pras Argentinas começamos a fazer uma pesquisa sobre o lugar. Descobrimos que o país vive na década de 80. Mas nada como viver por aqui pra descobrir isso na pele.

Tem umas coisas sérias, tipo a economia. Ninguém tem dinheiro em banco porque o dinheiro desvaloriza muito rapidamente. Você recebe o salário, saca tudo e compras o que tiver que comprar imediatamente. Se bobear, perdeu.

O Governo briga com o pessoal do campo que resolve fazer greve. Aí a presidenta tem que mandar laçar boi no pasto, senão as cidades ficam desabastecidas. Eu, hein!

Agora, há outras coisas que são meio desconcertantes. Tipo a música. As rádios só tocam músicas americanas da década de 80. INXS bomba! Tears for Fears traz lágrimas ao rosto de cada adolescente. Nirvana é uma novidade!

As lojas também seguem essa tendência super chic. Só que as lojas mais caras dão uma leve disfarçada, aquele toque de chiquereza: elas tocam versões instrumentais dessas músicas em flauta boliviana. Sim! Que nem aquele grupo de bolivianos que toca no Largo do Machado e no centro. O fino da bossa!

Agora, a moda é coisa de outro mundo. Parece que todas as mulheres assistiram a Flashdance outro dia e acharam muito maneiro se vestir de legging preto, saia rosa-choque, polainas azuis e camisetas com gola cortada brancas. O último grito da moda!

Os cabelos estão ali: pau-a-pau. Só assistindo a Secretária de Futuro alguém poderá chegar perto da compreensão do que digo. Sim, há cabelos cheios de laquê no estilo Nanny Fine; sim, há cabelos repicados com as pontas em rosa-choque tipo Madonna em Who’s That Girl?; e, por fim, sim, há rabos de cavalo na lateral da cabeça estilo Xuxa [“E quem não quer, não é baixinho?”]. Não se esqueçam do All Time Classic argentino: os mullets. Para homens e mulheres.

Se você for muito novo e não sabe direito como era a década de 80, dê um passei o por Buenos Aires. É melhor do que as minhas lembranças!

Sobre Televisões e Guarda-Chuvas

À noite é o momento de Carol e eu assistirmos à TV; e rirmos. Sim, porque há cada coisa mais estranha que vocês nem imaginam.

Tipo um canal que passa anúncio de jornal o dia inteiro. Isso mesmo, anúncios escritos de jornal. “vendo carro 99 azul”, “preciso de cachorro pra companhia”, “moreno alto, bonito e sensual – a solução para os seus problemas”. Enfim...

Tem outro canal que passa novelas da Globo o dia inteiro. Todos os dias. Agora ta bombando “A Presença de Anita” e “Mulheres Apaixonadas”. U-hú.

Por fim, hoje tivemos uma das cenas mais inusitadas que já vi. Na TNT estava passando o show da Rihana. Ri-quem? Pra quem é perdido como eu, trata-se de uma menina que tem um nome estranho, nasceu nas Bahamas [é bahamense?] e canta a música sobre os guarda-chuvas [mas o verdadeiro hit é a versão INRI Christi – confira no YouTube!].

Beleza, ela tem cabelo curto, roupas de couro e canta umas músicas que eu jurava que eram da Madonna [sim, reafirmando totalmente minha falta de noção neste assunto]. Enfim, lá esta ela, magrela, anamórfica, rebolativa e animada num show em Manchester quando anuncia a música mais esperada da noite: Umbrella.

A galera vai à loucura, fogos de artifício voam pelo palco, todo mundo cantando em coro a música [que, afinal de contas, não tem uma letra tão difícil, né? É só repetir “ê-ê-ê, under my umbrella-ella-ella”. Mooooito bonito]. Quando, para o meu espanto, todo mundo saca seu guarda-chuva e, numa catarse coletiva, deixam-no abertos sobre suas cabeças enquanto repetem a complicadíssima letra da música: “ê-ê-ê, under my umbrella-ella-ella”.

Como assim!? Nego realmente levou uma porcaria de um guarda-chuva pra um show só pra balançar no ar enquanto canta uma música merda com letra chata a repetitiva! “ê-ê-ê, under my umbrella-ella-ella”

Vai entender o mundo. Eu é que não vou...

sexta-feira, outubro 03, 2008

As civilização tudo aí

As sociedades civilizadas são outra coisa. Todo mundo me dizia que Buenos Aires era muito mais civilizada que o Rio e que as pessoas eram mais educadas.

Com certeza! Até agora só vi educação distribuída a torto e a direito.

Ao atravessar a rua, você se joga na frente do carro – se ele parar, você vai. Se não, você fica. Sim! Em qualquer lugar da cidade e não só no centro como no atrasado Rio de Janeiro.

Se você vai a um restaurante, faz amizade com o garçom [aqui devidamente chamado de mozo, como no Rio, mas muito mais chique porque tem um Z no lugar da Ç]. Todo mundo faz amizade, é uma coisa comum. Até porque, se você não fizer, você demora pra ser atendido, pra receber sua comida e, principalmente, pra receber a conta. Viu que avanço? Ninguém quer lhe entregar a conta pra pagar; que indelicadeza!

Agora, a mais distanciada educação que temos em relação ao Rio está nos momentos de incômodo dos porteños. Quando alguém se sente injustiçado, infeliz, ou puto mesmo, no alto de sua irritação inigualável, o argentino vai manda seu xingamento preferido: BOLUDO!

Sim! Nada de conjugar neologismos ou aglutinar xingamentos como o carioca e seu vil “putaqueopariucaralhoporra!”. Não. Bo-lu-do [ou bo-luuuu-do, como tenho certeza que a Antônia falaria].

E se você estiver realmente triste com a vida, o universo e tudo mais [resposta: 42], manda um PELOTUDO! Mas isso é muito forte e quase ninguém usa. O único caso que eu sei de uso deste palavreado tão feio é em final de campeonatos de futebol entre Brasil e Argentina que o Dunga seja o técnico e nossos hermanos perdem. Mas é compreensível...