terça-feira, julho 12, 2005

Versando

Tenho medo de quem necessita

Pois quem não precisa toma

Somente o que lhe interessa

Deixando de lado o que não lhe soma

Quem necessita, precisa

Tomando o que primeiro visa

Sem tempo pra escolher

A necessidade tem pressa em se satisfazer

A pressa leva à violência sem cabido

Ato de tomar, com desespero

Recuperar algo nunca pertencido

Sabendo ser seu o tempo inteiro

Como um cego com medo do escuro

Não temos escolha senão suportar

A dor de quem lhe põe em apuro

Para seus apuros suportar

No momento de desagrado incontido

Somos pegos de fingida surpresa

Sob as ruas o barulhento estampido

Na cidade que de predador virou presa

Quando o toque do celular não atendido

Um para cada mão sem vida

Vindo do londrino à procura do ente querido

Faz a mórbida sinfonia do necessitado que precisa