quarta-feira, outubro 27, 2004

Todo castigo...

Cara, que merda! não basta ter que acordar cedo pra ir à aula, ainda tenho que enfrentar esse ônibus entupido de gente fedendo logo de manhã cedo. Por que será que essas pessoas não poderiam pegar o ônibus em outro horário? As patroas delas podiam deixar elas entrarem mais tarde, as coitadas das empregadas. Aposto que...


EI! Passaram a mão na minha bunda!!! Como assim!? Em que mundo vivemos em que minha bunda esquelética é alvo de uma mão mais assanhada? Quem será que teve a coragem de sapecar a mãozona na minha buzanfa?


Coragem não. Com esse cata-corno cheio do jeito que tá, vai ser difícil descobrir quem foi. Será que foi a loirinha bonitinha atrás de mim? Ou a amiga dela gostosinha, talvez? Claro que foi! Gente bonita tem bom gosto, sabe o que há do bom e do melhor!


Quem que eu tô enganando? Pode ter sido a velhinha com cara de maracujá de gaveta. Será que aquelas mãos de uva-passa pegaram no meu pobre bumbum? Não gosto de nem de pensar!


sei! Foi a anã do meu lado! Claro! É muito fácil pra ela, o acesso é direto e sem maiores transtornos. Taí, nunca pensei que seria assediado por uma anã! Ops! A anã na verdade é um travesti! Nada como um pomo de adão pra denunciar.


resta então o negão do meu outro lado. Cara, se esse cara 20 centímetros maior que eu e com a largura do ombro o triplo da minha quiser pegar na minha bunda, eu não vou ter nem como reclamar. Pra não apanhar, de repente eu até ofereço a outra banda pra ele se divertir. Essa vida de magricela fracote não me leva a lugar algum... Tenho que entrar pra uma academia e aprender jiu-jitsu!


Cara, saltei do ônibus e ainda não sei quem passou a mão na minha bunda. Que merda! Bem que podia ter sido uma daquelas meninas bonitinhas, mas provavelmente foi a anã traveca ou a velha uva-passa.


Puta-que-pariu! Levaram minha carteira, isso sim! Desgraçado!!! E eu achando que tinham gostado da minha bunda ossuda! Mas a vida é assim mesmo: todo o castigo para (quem anda de cata-)corno é pouco...

Um dia de trabalho

- Fulano! O que você vai estar fazendo agora?
- Eu estarei estartando uma reunião lá na conference room.
- Você recebeu a nota que eu te mandei?
- Absolutamente.
- E o arquivo atachado? Você visualizou?
- Não, não realizei que havia um arquivo atachado!
- Mas como você vai facilitar a reunião sem esse arquivo? O facilitador deveria ter lido este document.
- Vou pedir então pro photoshopeiro lá do bureau me enviar esse arquivo uma vez mais. Isso deve solucionar o problema.

- Eu concordo. Não se esqueça de, ao final da reunião, passar a folha de feedback para que possamos estar possuindo um banco de dados com os principais issues.
- Claro! Eu também quero poder estar participando da visualização do downstream do scorecard dos shareholders.
- Cara, você realmente gosta de trabalhar em Finance, não é?
- Não tanto quanto você gosta de estar trabalhando em External Affairs.

A árvore da vida

Será que viver é tão difícil?
Sair, levar um tapa na bunda, chorar.
Levantar, cair, chorar, levantar, ficar, andar.
Sorrir, chorar, entender, compreender, perguntar.
Gostar, ficar, amar, não amar, amar, não amar, amar.
Juntar, separar, juntar de novo, fazer um, mais dois, mais três.
Estudar, estudar mais, estagiar, trabalhar, aposentar, criar poeira.
Se divertir, se aborrecer, crescer, ser criança pra sempre, se responsabilizar.
Crescer, ser grande, diminuir, desaparecer.
O que mais eu poderia querer da vida?
O que mais eu poderia querer da vida?
O que mais eu poderia querer da vida?

domingo, outubro 24, 2004

Ser gordo é apenas uma ilusão de ótica

Ou Ser gordo é apenas inveja dos opacos

Quem entende um mínimo de se arrumar sabe que roupas brancas engordam e as pretas emagrecem. Isso se dá porque as roupas claras refletem mais luz e acabam criando uma “auraque torna as pessoas maiores.

Mas você parou pra pensar que isso poderia ser aplicado também às pessoas em si e não às suas roupas. Pessoas branquelas (mais ou menos com o meu bronzeado Paulo Zulu) quando ficam sem roupa ao sol brilham que é uma beleza. E criam o mesmo efeito de “aura”.

Isso significa, então, que as pessoas possuem um brilho próprio, no sentido literal da coisa. A minha teoria é a que pessoas gordas, na verdade, são mais brilhantes e por isso punidas por uma sociedade que não admite a possibilidade de divisão em castas: os brilhantes e os opacos.

Pensa bem: pessoas gordas são espaçosas (sem trocadilhos), geralmente possuem uma personalidade forte e que chama a atenção para si, são pessoas de atitudes contundentes e fazem questão de demonstrar isso. Enfim, pessoas gordas, em verdade, são pessoas brilhantes.

Os opacos desde o primórdio dos tempos, percebendo essa diferença, trataram de discriminar essa castas iluminada. A inveja fez dos opacos os magros e dos brilhantes os gordos.

Assim, se você é gordo, não se sinta mal. Sinta-se bem com sua condição de pessoabrilhante que é! Não entre neste joguete da moda opressiva dos opacos, seja como o sol e brilhe intensamente! Ainda mais se você for gordo e branquelo...


“Se todos no mundo fossem gordos, as pessoas seriam mais próximas”

antigo ditado iluminado

Pedrin – defendendo a classe em que estou entrando.

O Metrô

Último metrô do dia. Ele entra, puxa seu livro e senta como sempre no fim do vagão, de lado, com as pernas em cima do banco e as costas contra a parede. À sua frente está um casal se agarrando e beijando. Ela tem um vestido preto e pernas brancas. Ele é alto e tem cabelos longos que praticamente esconde a menina.

O metrô começa a andar. Ele continua entretido em seu livro. Não porque seja maravilhoso, mas porque é a terceira vez que tenta ler e não quer desistir mais uma vez. É questão de honra. O livro se arrasta com linguagem rebuscada e falar afetado, tornando o sono algo quase tangível de tão forte que exala do livro.

Do outro lado, pelo canto do olho ele percebe que ela teve a parte de dentro de suas pernas invadidas pela mão do cabeludo. As coxas são mais brancas do que as canelas. Quase brilham.

Uma dupla de mulheres feias e faladeiras entra no vagão e se senta ao lado deles. Eles se acalmam um pouco para logo a seguir voltarem à sofreguidão dos abraços e beijos. A dupla de barangas se sente incomodada e muda de assento.

Páginas são lidas sem que se saiba o que estava escrito. Os olhos continuam a leitura, mas o cérebro não codifica mais as imagens em texto. Num esforço de concentração, ele começa a ler de si para si, bem baixinho. Funciona. Por um tempo.

Outra espiada de canto de olho e ela está , dando adeus ao cabeludo pela janela. Ele realmente parece o primo It da Família Adams. Pela primeira vez ela é loira. Oxigenada, mas não é mais apenas um par de pernas sendo invadidas pelas mãos do Capitão Caverna.

Segue a leitura. Fim de mais um capítulo. Sobre o que se tratava mesmo? Ler baixinho não está mais funcionando. Vou ler de novo este episódio. Ah, foi isso que eu li? Humm. Chega! Isso não vai me levar mais a lugar algum. Amanhã eu continuo.

Ele senta-se direito no banco e fica de frente para o lado oposto do carro. Ela ainda está . Parece meio incomodada pela falta de alguém a cobrindo. Meio que como uma pessoa com frio de quem acabaram de tirar o cobertor com o qual se cobria. Deve ser por isso que abraça a si mesma. O rosto baixo, coberto pelo cabelo loiro.

As estações passam, mas o metrô parece não sair do lugar. Que demora irritante! A essa hora da noite nãomais ninguém nas estações, anda logo! Ele repara então nela. Uma nesga dos olhos apareceu sob a cabeleira de palha. Escuros. Quase nãobranco nos olhos dela.

Percebendo ser vigiada, ela se encolhe no banco e aperta os lábios, como que de dor. Não deve estar acostumada a chamar atenção. Parece um bichinho assustado, encurralado num canto esperando seu destino. O abraço fica mais apertado.

As duas últimas estações ele passa admirando aquela cena. Os cabelos de palha cobrindo os olhos sem branco, o vestido preto brigando contra a brancura de suas pernas e braços, a boca apertada em dor.

Chega sua estação. Ele levanta antes de o metrô parar e se dirige à porta. Ela abre. Antes de sair ele vira, olha para ela, ela percebe e olha pra ele. “ Você é linda.Fecha a porta. Cara, estou podre! Vou chegar em casa e desmaiar na cama.

quinta-feira, outubro 07, 2004

Como vai você?

Para ela:

Como vai você?
Eu preciso saber da sua vida
Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia
Anoiteceu e eu preciso só saber
Como vai você?
Que já modificou a minha vida
Razão de minha paz já esquecida
Nem sei se gosto mais de mim ou de você
Vem, que a sede de te amar me faz melhor
Eu quero amanhecer ao seu redor
Preciso tanto me fazer feliz
Vem, que o tempo pode afastar nós dois
Não deixe tanta vida pra depois
Eu só preciso saber
Como vai você
Como vai você?
Que já modificou a minha vida
Razão da minha paz já esquecida
Nem sei se gosto mais de mim ou de você
Vem, que a sede de te amar me faz melhor
Eu quero amanhecer ao seu redor
Preciso tanto me fazer feliz
Vem, que o tempo pode afastar nós dois
Não deixe tanta vida pra depois
Eu só preciso saber
Como vai você