quinta-feira, outubro 29, 2009

Dando a volta

Minha me tem uma teoria que eu comparto de que tudo que é extremo acaba dando a volta e indo para o outro extremo.

Coisas tão doces que ficam amargas, políticos tão de esquerda que viram facistas, coisas que se odeia tanto que se passa a amar.

No caso, coisas tão ruins que viram muito boas.

Tipo Rivaldo Sai Desse Lago, tipo Luciana Gimenez, tipo comercial de toby guaraná no intervalo do programa da Luciana Gimenez.

Segue abaixo um vídeo feito no Ecuador. Não é preciso falar espanhol para entender a qualidade aqui mostrada.

¡Dios, ayudameeeeeeeeeeeeeeeeee!


quarta-feira, outubro 28, 2009

Idiossincrasia nossa de cada dia

Me sinto meio perdido quando no meio do trabalho escuto diálogos em inglês, pessoas falando em espanhol e a menina do lado fica escutando Daniela Mercury.

Pode não parecer, mas os argentinos conhecem muito do Brasil. Essa mesma menina conhece mais lugares do Brasil que eu, certamente. Todo ano tira férias por lá.

Mais que isso, conhece um bocado de música brasileira. Tá bom que a maioria é de axé, mas também conhece um pouco de bossa nova e tropicália. Nada mal...

Quando fui ao Peru em 2005, fui pego de calças arriadas quando umas peruanas [que queriam me dar o cuy para eu comer, mas isso já é outra história] me perguntaram o que eu conhecia de música peruana. Eu disse que nada. Música latino americana? Nada.

[Tá bom que sou um pouco alienado em relação ao assunto e que poderia ter citado um Fito Paez, Manu Chao, pai e filho Iglesias, Luiz Miguel e forçado um pouco a barra com um John Secada – jurado de Latin American Idol – e o ex-menudos “1, 2, 3, baila salsa e merengu María” Ricky Martin]

E elas de música brasileira? Bom, axé. Mas fiquei sem crédito pra poder criticar o gosto delas.

Fato é que acabo conhecendo um pouco mais de América Latina – e de Brasil, por incrível que pareça – morando aqui do que no Rio.

Quem diria...


Ah! E que pena a morte de "La Negra" Mercedes Sosa...

terça-feira, outubro 27, 2009

Visitas inesperadas

Eu tenho uma memória muito visual. Não lembro de forma alguma o endereço das pessoas, mas se me pedir pra te levar lá, chego fácil, fácil. Lembro de episódios de programas e filmes logo na primeira cena que assisto. Lembro de textos que li do trabalho só de ler as primeiras linhas, mas não lembro de forma alguma o nome do trabalho.

Mas o que mais me intriga e me deixa em maus lençóis é reconhecer pessoas. Eu lembro do rosto de pessoas que encontrei uma vez, mas lembrar seus nomes e de onde eu os conheço é quase impossível. Demoro décadas para lembrar do nome das pessoas. Aqui no trabalho, falo todo dia com umas 20 pessoas, mas só lembro do nome de umas 6. O resto é tudo “che”.

Na rua, cansei de encontrar com pessoas, reconhecer seus rostos, ser reconhecido e não fazer idéia de quem eram. Sempre rola aquele “e aí, cara, como anda o pessoal?” para tentar descobrir de onde conheço a pessoa.

No entanto, tem um lado desse aspecto da minha memória que é bem interessante pra mim: ver pessoas que lembram amigos, mas que você acaba percebendo que não são elas. Passado o momento de ficar encarando a pessoa como um tarada tentando lembrar quem é, percebo que a pessoa é apenas uma sombra de um amigo e deixo a pessoa quieta – coitada, normalmente já tava chamando um policial.

Os momentos mais interessantes de ver meus amigos nos outros é quando eu olho de relance. Nesta fração de segundo em que vejo a pessoa, tenho certeza de que é meu amigo que está ali.

Não posso deixar de ressaltar como isso é interessante e importante pra mim nesse momento de pouco acesso aos amigos devido à distância.

Hoje, vindo para o trabalho de trem, já chegando na estação eu olho para o meio do vagão e o mar de pessoas se abre. Neste momento, no espaço entre as duas portas da composição, está um cara se equilibrando sem se segurar nos corrimãos e tocando um air bateria. Era o Firls. Era ele, sem sombra de dúvida. Estava de óculos escuros grandes, cachecol preto no pescoço, suéter de tweed vermelho e azul marinho e uma calça jeans apertadinha. Ouvia seu iPod, marcava o contra-tempo com um pé e mandava ver na batera.

No que olhei de novo, o mar de gente escoou pela porta do vagão e pela estação e não vi mais o cara. Mas foi bom receber essa visita inesperada, mas muito bem-vinda – mesmo que apenas por um milissegundo.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Uma pessoa helpis


Desde que cheguei na Argentina tem sido uma batalha, um prazer e um exercício diário de paciência aprender o espanhol e – pior – o linguajar porteño.

Aqui se fala um espanhol bem diferente do resto da américa latina e da espanha. Em se tratando das gírias, isso fica ainda pior.

Bom, o pessoal do trabalho me ajuda bastante com isso. Volta e meia eles me ensinam uma nova e me explicam como usá-la. Fora as que eu pesco dos nossos papos no almoço e invento de usá-las sozinho.

Por conta disso, eu tenho épocas em que cismo com uma gíria e fico usando ela à exaustão. Tipo quando aprendi o che. Todo mundo era che pra mim e ele virou início, ponto final e vírgula das minhas frases.

Agora já estou pegando mais leve.

Recentemente, eles decidiram que me apresentariam finalmente ao boludo. Eu já conhecia, mas nao tinha coragem de usar.

O boludo é algo parecido com o uso que o carioca dá pro viado. É um xingamento, mas também é como os amigos se chamam “carinhosamente”.

Só que aqui, o boludo se usa pra tudo. TU-DO. Se usa pra homens e mulheres, velhos e infantes, carinhosamente e com muita raiva.

Por conta disso, sempre tive medo de usar a palavra e ser mal-interpretado.

PARÊNTESIS: tive um professor de inglês no Pedro II que me contou uma história sobre o perigo de se usar gírias sem ter total domínio da palavra. Um amigo americano dele que falava português razoavelmente bem estava no Rio andando de carro com ele quando os dois foram fechados por um cara. O tal americano saiu do carro possesso e soltou na lata do outro motorista um “sua danadinha!”

Dito isso, eles ficaram me mostrando situações em que se usava boludo adequadamente para eu aprender.

Aí, ontem resolvi trazer um bolo de laranja  pro trabalho.

Eu adoro bolo de laranja e queria compartilhar esse prazer com alguns companheiros de trabalho no nosso café-da-manhã de todo dia [depois explico melhor essa história].

Cheguei com o bolo e eles não entenderam nada. Não entenderam o bolo. Não entenderam por que eu tinha um bolo e nem o que era aquilo.

Fizeram milhões de perguntas desde se era meu aniversário, alguma data comemorativa brasileira, se tinha ganhado na mega sena etc. Depois que eles se convenceram, muito desconfiadamente, de que eu nao estava comemorando nada para trazer o bolo, eles examinaram o dito cujo. E não entenderam por que não tinha um chantily por cima, ou marshmallow, ou uns morangos ou sei lá mais o quê.

Depois de tanta boludice, mandei logo que eles eram um bando de argentino boludo que não sabia o que era bom nessa vida e comi tudo sozinho.

Não sei se eles gostaram, mas eu usei a palavra direitinho.

*****

Isso me fez lembrar um vídeo que vi no youtube muito bom com vários adjetivos inventivos. Acho que vou dizer todos esses pra eles e ver como se saem tentando usá-los normalmente.


sexta-feira, outubro 02, 2009

A origem das palavras

Eu sempre tive uma curiosidade nerd de saber a origem das palavras e expressões. Sei lá, tem certas coisas que falamos e que não fazem o menor sentido se tomamos seu sentido literal, mas que faz todo o sentido contextualizada.

Um exemplo disso é afogar o ganso, que tem origem na China imperial, quando os homens comiam os gansos e logo antes do êxtase afogavam o bicho. Parece que ao morrer afogado, o bicho contraía seu ânus e dava mais prazer ao seu dono safado.

Bom, dito isso, procurando o sentido exato da palavra “bitola” no Google, ele me sugeriu a palavra “baitola” caso eu tivesse escrito errado no campo de procura.

Eu já disse que o google tem um certo problema comigo e acha que eu sou baitola, mas me sugerir que procure o significado da palavra foi um pouco demais.

Não resisti.

Fui e cliquei na palavra pra procurar seu sentido, sua origem. Um dos links que apareceu foi um do wikicionário. Nele estava muito bem explicadinho o significado da pejorativa palavra e sua origem.

bai.to.la masculino – pederasta passivo.

Origem: Pela cultura popular, na construção das estradas de ferro no Nordeste, havia um capataz inglês com ares um tanto afeminados e que era muito rígido, principalmente com a bitolas [grossura] dos trilhos. Como tinha o sotaque da língua inglesa, o capataz pronunciava "baitola" em vez de bitola, o que originou seu apelido entre os operários e acabou espalhando-se pela região e, atualmente, pelo país.

Taí. Agora você já sabe exatamente do que te chamam pelas costas.







[Esse post valeu pelo de ontem que esqueci de escrever. Então tô de altus, não tá valendo]