terça-feira, fevereiro 22, 2005

O que é ser uma pessoa bem-sucedida?

Eu não sei.

É claro que eu tenho meus momentos, dou algumas bolas dentro e me dou bem em algumas situações. Mas eu não me sinto bem-sucedido. O que é mais importante: ser bem-sucedido ou se sentir bem-sucedido?

Pois algumas pessoas diriam que eu sou uma pessoa bem-sucedida. Eu passei em todos os concursos para estudar em colégios bons e grátis que fiz. Passei até para a faculdade. E emlugar! E daí? Foi bom conseguir estes feitos, fez bem pro ego. Mas não fez eu me sentir bem.

Eu consegui estágios bons e atualmente estou em um que várias pessoas gostariam de estar. E daí? Não vejo a vantagem disso. Fez um bem danado ao ego conseguir, mas não me sinto bem.

Vou acabar a faculdade e arranjar um emprego. Provavelmente bom (não excelente, bom). E daí? Será que eu me sentirei bem então? Acho que não.

As coisas e ações que definem uma pessoa bem-sucedida parecem não me dizer muita coisa, não me levam a uma satisfação pessoal. Eu não consigo ver a vantagem de ter estudado em bons colégios senão para conseguir fazer uma boa faculdade. Não consigo ver a utilidade de fazer uma boa faculdade senão pra conseguir um bom estágio. Não consigo ver a utilidade de fazer um bom estágio senão pra conseguir um bom emprego. Não consigo ver a utilidade de se ter um bom emprego senão...

Isso acaba? Será que desde que eu nasci minha finalidade é ter uma boa aposentadoria, ter filhos sem sentido, ter uma casa própria (que eu não levarei comigo no além-túmulo) e uma reputação de pessoa bem-sucedida?

Para quê?

Eu sei que esse post tá parecendo uma mistura de um diálogo de clube da luta com uma música do Raul seixas. Mas e daí? É assim que eu me sinto, é assim que eu me expresso. E se tem pessoas que se expressaram da mesma forma antes, significa que eu não estou sozinho...

E dessa história toda, de todas essas realizações e feitos, a única coisa que eu vejo sentido e que faz eu me sentir bem-sucedido é a minha metade-cara. A utilidade de conseguir encontrar alguém que lhe faça companhia e lhe ame da mesma forma que você a ama de volta é poder ter alguém para poder reclamar da vida até que ela se acabe (a vida ou a pessoa, o que chegar antes). No mínimo isso.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Quer uma?


AHHHHHH MULEEEEEEEEQUEEEE!!!!!!

sábado, fevereiro 19, 2005

O Infinito

Atingir o infinito é algo glorioso, algo que todos deveriam almejar. Vincular-se ao infinito, fazer parte deste todo inacabável é atingir a redenção. É nunca mais se preocupar com nada, não há mais problemas ou soluções, nada. Ser parte do tudo, é saber que nada importa.

No infinito, onde tudo se encontra, percebe-se que nada é realmente importante. Tudo é muito pontual e finito, tornando-se insignificante. Somente o tudo é importante, o resto não tem a menor importância.

Todo o resto se torna lembrança, uma vaga lembrança daquilo que foi, aconteceu e já acabou. No infinito, você finalmente consegue a força necessária para assassinar tudo e todos.

Sim, porque tornar um acontecimento uma lembrança, é matar esse mesmo acontecimento do presente. Você acaba com ele no tempo em que você se encontra, extermina-o da existência em que você se encontra e manda-o para o post morten que é a lembrança.

A todo o momento você escolhe matar uma pessoa, afastar-se dela voluntariamente, e poder para sempre deixá-la apenas desenhada na sua lembrança como aquela linha de giz que marca a silhueta do cadáver no chão sujo da cena do crime.

Um crime tão distante, tão absurdo e insignificante que você não precisa mais pensar nele. Pois você se encontra no infinito, e isso é tudo o que basta para você ter a sua vida e continuar com ela sem precisar olhar pra trás.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Cuidado com a Goiaba

De todos os frutos e frutas existentes, muitos deles espinhosos e outros de gosto amargo, aquele que você deve tomar mais cuidado é com a Goiaba.

Sim, porque os espinhosos você percebe de cara essa sua característica, ele lhe machuca ao primeiro toque, lhe deixa rapidamente a par de que não quer que você chegue perto dele. Os amargos você pode até se enganar de início, achando que não tem problema, mas basta você provar destes que saberá, sem sombra de dúvidas que não prestam e você nunca mais repete a dose.

Agora, a Goiaba não. A Goiaba é uma fruta (ou fruto, não sei) sem espinhos, casca grossa ou qualquer outro artifício deste tipo. Ela é bonitinha, redondinha, de cheiro agradável. Sua primeira impressão é sempre muito boa e você acaba pensando “Que bonitinha!”.

Além disso, seu gosto é docinho, suave e agradável. Você prova dela e gosta. A segunda impressão que se tem da Goiaba também é sempre muito boa.

Freqüentemente a Goiaba pode estar bichada e é aí que está o problema: não há como saber disto antes de morder. Não é como a maça, que você vê o buraco por onde entrou o bicho-da-maçã. A Goiaba bichada continua bonita e cheirosa por fora, de gosto agradável e docinho por dentro.

Assim, ela é o fruto (ou fruta) mais leviano e enganador existente. Nunca confie na Goiaba! Por mais que sua primeira impressão seja boa, que em um segundo momento você também a ache legal, eventualmente ela lhe decepcionará e mostrará os vermes que a estragam por dentro.

“Como você sabe que a fruta que você está comendo está bichada?
Quando você encontra metade do bicho dentro dela.”

Eu encontrei metade do bicho na minha Goiaba.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

8 horas

Tempo o suficiente para fazer nada, por muito tempo e ficar cansado por isto. Tempo o suficiente para se degustar um G.G.Márquez com toda a calma do mundo. Tempo o suficiente para pensar que se está ganhando o dinheiro dobrado, para se trabalhar nada. Tempo o suficiente para se perceber que, mesmo emprestado para outra área da cia, não há nada a ser feito neste estágio.

Estou evitando ler em casa. Não quero ficar estressado por levar trabalho pra casa...

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Ctrl + Alt + Del

Essa é uma questão muito boa. É difícil perceber qual é o momento de continuar ou de começar de novo. Ambas são decisões difíceis e dolorosas.

É claro que a tendência é tentar continuar construindo em cima do que já foi feito, mantendo um certo padrão. Desta forma não se precisa repensar tudo, apenas “ajustar o curso”, lapidar um pouco mais diamante ata atingir a forma que você quer.

Por outro lado, é tentador (e assustador) vislumbrar a possibilidade de começar do zero. Às vezes, faz-se necessário destruir tudo o que já se construiu para que possa ir além. Dar um ctrl + alt + del, dar um reboot e “me levantar pelas botas”.

Neste momento, decidir entre construir por cima e destruir tudo e começar de novo parece ser aquilo que há de mais importante no mundo. E, no entanto, tudo do que eu mais fujo.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Processando...

Em 1995, Yuri Kasparov, sete vezes seguidas campeão do campeonato mundial de xadrez e tido como o maior enxadrista de todos os tempos, foi desafiado pela IBM para enfrentar seu mais novo computador. O DeepBlue era o computador mais potente da época, e foi o desafiante de Yuri.

O desafio teria sete partidas e seria o campeão aquele que vencesse o maior número de partidas. Na primeira, Kasparov venceu facilmente o computador. Chegou a achar que a máquina não era tão boa quanto seus criadores afirmavam.

Na segunda partida, Kasparov começou a jogar. Em determinado momento, após uma jogada dele, o computador parou. Ele simplesmente parou. De alguma forma, os cálculos que ele estava fazendo para chegar a uma conclusão sobre qual seria a melhor jogada a ser feita a seguir eram demasiado complexos.

A máquina ficou parada, processando as informações, sem conseguir mover-se adiante ou para trás, incapaz de sair de sua inércia. E lá ficou por 1h30, o que em termos de um computador tido como o mais rápido e avançado do mundo é uma eternidade!

Pois bem, como será atingir um ponto assim, em que não se consegue tomar uma atitude, sair de onde está. É como colocar um objeto no ponto cego do olho: está na sua frente, você sabe que ele está lá, mas não consegue enxergar!

Essa zona de penumbra da vida, este local da não-vida, onde se está vivo, mas não se consegue viver, é onde me encontro agora. Não consigo parar de processar qual será a próxima jogada.