sábado, fevereiro 19, 2005

O Infinito

Atingir o infinito é algo glorioso, algo que todos deveriam almejar. Vincular-se ao infinito, fazer parte deste todo inacabável é atingir a redenção. É nunca mais se preocupar com nada, não há mais problemas ou soluções, nada. Ser parte do tudo, é saber que nada importa.

No infinito, onde tudo se encontra, percebe-se que nada é realmente importante. Tudo é muito pontual e finito, tornando-se insignificante. Somente o tudo é importante, o resto não tem a menor importância.

Todo o resto se torna lembrança, uma vaga lembrança daquilo que foi, aconteceu e já acabou. No infinito, você finalmente consegue a força necessária para assassinar tudo e todos.

Sim, porque tornar um acontecimento uma lembrança, é matar esse mesmo acontecimento do presente. Você acaba com ele no tempo em que você se encontra, extermina-o da existência em que você se encontra e manda-o para o post morten que é a lembrança.

A todo o momento você escolhe matar uma pessoa, afastar-se dela voluntariamente, e poder para sempre deixá-la apenas desenhada na sua lembrança como aquela linha de giz que marca a silhueta do cadáver no chão sujo da cena do crime.

Um crime tão distante, tão absurdo e insignificante que você não precisa mais pensar nele. Pois você se encontra no infinito, e isso é tudo o que basta para você ter a sua vida e continuar com ela sem precisar olhar pra trás.

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