Creio que uma das coisas mais humilhantes que existem é acabar de dar aquela barrigada gostosa e perceber que está sem papel. Naqueles segundos entre o início de puxada do papel até o fim definitivo do rolo (passando, é claro, por aquela falsa esperança enquanto os resquícios de papel vão se desenrolando) o seu mundo desaba!
E você fica ali, sentado no trono, encolhido em toda a sua vulnerabilidade, tentado pensar rápido numa solução pra questão. É óbvio que o depósito de papel higiênico da casa não fica no armário sob a pia – ele fica lá na área de serviço. Mas como fazer pra que o papel venha da área para as suas mãos?
Lá vai você, com a calça no tornozelo, a camisa cobrindo “suas vergonhas” (sempre achei este um termo muito engraçado!!!) até a porta do banheiro. Abre só uma frestinha e grita pela sua mãe. Seu irmão (ou irmã) babaca lhe informa que sua mãe saiu pra rua, enquanto bate a porta atrás de si.
E assim só sobra você, uma casa vazia, uma privada cheia, uma calça no tornozelo, o PH – o melhor amigo do homem – lá na área e uma bunda molhadinha. Coloca a cabeça pra fora do banheiro, olha pra um lado, olha pro outro, e lá vai a criatura mais infame já existente, em pequenos passinhos, andar até a área de serviço e voltar, também em pequenos passinhos, com o glorioso papel em suas mãos.
É lógico que a esta altura do campeonato a área ser limpa é bem maior do que de início, mas nem mesmo este detalhe o deixa chateado – o alívio de ter se livrado daquela situação humilhante é tudo.
Acho que esse devia ser um dos testes de humildade pelos quais os monges budistas passam como forma de desenvolvimento individual. Certamente, depois de uma destas, ele estará prontinho pra atestar toda a sua insignificância no cosmos e ir direto pro Nirvana.
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