sábado, dezembro 13, 2008

¡Bienvenido!

No meu primeiro dia de Argentina eu estava muito animado. Acordei tarde e fui dar uma passeada pelas redondezas para conhecer um pouco o quarteirão. Tudo muito lindo, umas árvores bem cuidadas, parques de três em três quadras, um monte de cachorro simpático e pessoas bem vestidas devido ao frio.

Tudo muito bom e agradável, uma excelente primeira experiência porteña. Aproveitando o passeio, entrei numa loja que dizia estar liquidando o estoque porque ia fechar. Aí pensei com os meus botões “tá frio como o diabo e eu não tenho muita roupa pra suportar. Melhor aproveitar a promoção e comprar logo umas roupas legais pra aturar a friaca, certo biscoito?”

Entrei na loja e o vendedor não percebeu. Comecei a mexer nos cabides e acabei fazendo algum barulho. Ele, que estava sentado num canto da loja, olhando pra baixo enquanto lia um livro, notou minha presença. Levantou a cabeça do que lia, olhou pra mim com uma cara que misturava um profundo desprezo e uma irritação por quem atrapalhou o que fazia. Me olhou, não falou nada e simplesmente voltou-se para a interessante leitura.

Meio espantado e um pouco nervoso pelo comportamento de repulsa do vendedor, não entendi o que estava acontecendo. No Brasil, os vendedores pulam em cima de você assim que você passa o olho na vitrine da loja e fazem de tudo pra você comprar qualquer coisa. Como aquele cara que queria acabar com o estoque pra não sair muito no preju ao fechar a loja tinha simplesmente cagado pra mim?

Aí a realidade bateu de frente em mim e percebi que diferenças culturais são assim mesmo: você tem que aceitar e seguir adiante. Instantes depois de baixar os olhos de volta ao livro, ele levantou sua nádega esquerda, soltou um sonoro e cheiroso peido, baixou a nádega esquerda e continuou a leitura.

O que eu fiz? Aceitei, saí da loja e segui adiante. A vida ensina cada coisa...

Um comentário:

Anônimo disse...

O que ouço dizer é que argentinos se recusam a se matar de trabalhar como os brasileiros.

Dou moral.