Não dá pra dizer que eu seja uma pessoa má, embora definitivamente uma pessoa escrota. Mas, volta e meia, bate aquela vontade de fazer maldade a torto e a direito.
Essa vontade pode ser despertada por alguma pessoa específica ou por um momento na vida.
São totalmente compreensíveis aqueles dias em que se odeia a humanidade. Ninguém presta. Todo mundo é inútil e merecia uma morte horrível e agonizante. Esse é o momento em que se é capaz de tudo pra fuder com os outros.
Gatos, não passem na minha frente; velhinhas, não venham pedir pra sentar no metrô; esse é o dia em que como feijão – só de sacanagem.
E quando é totalmente direcionado para alguém também não é nada agradável – pra essa pessoa, é claro. Porque pra mim, é a glória.
Eu volto a carregar o programa “irmão mais velho escroto” e faço de tudo para sacanear o infeliz que cruzou meu caminho. É um ataque soviético que só tem fim com a rendição do inimigo ou a Carol brigando comigo.
No entanto, além destes dias, há momentos na vida em que percebo o lado negro da força crescendo dentro de mim.
Hoje, estava andando na rua quando cruzei com um casal. Eles tinham uma criança num carrinho de bebê e o moleque estava dormindo tão pesadamente que chegava a estar com o pescoço torto 90º pro lado. Tive que refrear, com toda a minha força de vontade, meu ímpeto de dar um berro do nada para assustar a criança e fazê-la abrir o berreiro.
Não fiz. Mas fiquei bem imaginando a cena. Eu passando do lado do casal e inadvertidamente dando um gritão bizarro. Eles dando um pulo assustado pro lado. As compras caindo das mãos dele, ela quase virando o carrinho de bebê. A criança – daquelas com as bochechas rosadinhas, cabelos loiro-claro, enroladinhos e macios – abrindo um olhão azul espantado e, logo em seguida, abrindo um berreiro sem fim.
Hummm! A felicidade definitivamente está nos detalhes da vida.
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Há 7 meses
Um comentário:
Acho válido assustar criancinhas.
Elas têm que aprender desde cedo que a vida é ruim e as pessoas não prestam.
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