quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Perdidos na translação

Viver em outro país em que se fala uma língua que você ainda não domina é um desafio diário de compreensão e paciência.

Você usa todas aquelas dicas que a professora do cursinho falava e você achava a maior besteira. Se não sabe a palavra, descreva o que você quer. Simplifique suas frases. Pense antes de falar.

Era um saco no cursinho, mas realmente funciona no mundo real.

O problema maior é quando alguém fala alguma coisa pra você que não dá pra entender. Em geral, você acaba pegando o significado geral do que está sendo dito, mas, às vezes, você acaba preso em alguma expressão ou gíria que fode tudo.

Aí tem que perguntar mesmo. Ou bancar o sabichão e balançar a cabeça positivamente, mesmo não tendo entendido porra nenhuma.

“- Você gostaria de peras ou maçãs?”
“- Sim.”

Enfim, essas coisas acontecem. A boa é avisar logo que você é estrangeiro e que não fala tão bem a língua dos outros. E ignore os elogios “Ah, mas você fala tão bem!”. Pode falar maravilhosamente bem, mas tem sempre alguma armadilha no caminho pra te derrubar.

Afinal de contas, como diria minha mãe, “não tenta dar um de malandro que vai tropeçar nas próprias pernas”.

Assim sendo, assim que cheguei aqui – todo crente que sabia tudo de espanhol –, fui tentar fazer amizade com a zeladora do prédio onde moramos. Me apresentei, ela se apresentou e conversamos alguma amenidades.

Em determinado momento, ela vai e me pergunta de onde sou. Eu vou e respondo que sou brasileiro, no que ela responde “ué, mas o seu tom não parece de brasileiro...”

Malandro que sou, vou e penso comigo “esse pessoal das argentinas acham que todo brasileiro é moreno de praia? Bom, essa é a hora de fazer uma piadinha e causar uma boa impressão”. Aí vou e mando um “eu posso ser branco assim porque faz tempo que não vou à praia, mas sou brasileiro sim.”

Aí ela vai e responde “Não, eu só quis dizer que seu sotaque não parece de brasileiro...”.

Ah tah...

Tropecei.

Um comentário:

bruno_fiuza disse...

pedro, se você não usa mullets não há chance de passar por argentino.