Bom, nesta semana tem feito um frio meio escroto do tipo 4 graus durante a noite e 10 de dia. O que me leva a crer que San Pedro, o São Pedro argentino, é um sacana e fez a segunda-feira aqui ser uma lindeza só, uma pintura de bonita só de engana-trouxa por ser o primeiro dia da primavera.
[Como esse post era pra ter saído na quarta-feira, vou comentar de assuntos daquele dia – ou seja, esse não conta pra quinta.]
Estava eu esperando a van que leva do meu trabalho para perto da minha casa junto com as outras pessoas argentinas do trabalho. Algumas eu conheço e trabalho diretamente, outras eu falo bom dia e até amanhã todo dia, mas não faço idéia de quem sejam. Devo admitir que não sei o nome de ninguém, independente de conhecer ou não. Mas isso já é outra história.
Fato é que a van demorou 10 minutinhos pra chegar e ficamos do lado de fora do edifício esperando ansiosamente pela sua presença.
Enquanto isso, batia um vento gelado e o sol já tava nos seus finalmentes, o que significa que devia estar fazendo uns 7 graus de sensação térmica. 7 graus!
Eu comecei a xingar. Não é possível! Que frio é esse! E essa van que não chega e tudo o mais.
As pessoas que me conhecem riram e tudo o mais com aquela cara de “esse brasileiro que só sabe o que é praia vem pra cá e fica reclamando quando bate um friozinho”. Até é verdade que eu não sei o que é frio [eu odeio frio], mas aquela galera também estava batendo queixo.
Algumas das pessoas que não me conhecem se acercaram pra entender por que aquele cara com sotaque estranho reclamava tanto. Então tive que contar a minha história portenha: por que saí do Brasil, há quanto tempo estou aqui, se eu gosto de viver aqui etc.
A verdade é que eu tenho esse papo quase todo dia – as pessoas ficam curiosas de saber de onde sou porque, afinal, meu sotaque é estranho pra elas e contar essa história repetidas vezes não muda muito isso.
Mas dessa vez, alguém finalmente me fez uma pergunta pertinente, mesmo que apenas para aquele momento. Me perguntaram se estava valendo a pena morar aqui em BsAs.
Cara, eu parei pra pensar, ali no meio da rua, esperando o cara da van que estava atrasada porque fecharam algumas avenidas por causa de protestos [que têm todo dia], naquele frio de casa da Xuxa, e respondendo à mesma pergunta pelo caralhésima vez e pensei “humm, acho que não. Queria muito mais estar no calor sufocante do Rio.”
Mas aí eu lembrei do porquê de ter vindo para cá. A minha metade-cara continua valendo a pena. Sem discussão. Sem pensar duas vezes. Sem nem hesitar na hora de responder. Adoro a nossa vidinha zona sul que vivemos aqui, num bairro lindo e tranqüilo, num apartamento lindo e futuramente bem decorado, com nosso filho argentino que só entende português e nossos futuros filhos que nascerão por essas terras pra poder terem mullets [porque só assim mesmo um filho meu, com o meu cabelo, poderá ter mullets na vida].
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Há 7 meses
2 comentários:
fico feliz que as certezas continuem firmes!
óóóóhhhh que lindjuuu!
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