Ela, em seu leito derradeiro, descansa entre um sopro e outro. Respirar é doloroso e quase pior do que não fazê-lo. A filha tem sua mão contra a face dela, molhando-a de lágrimas. O marido, contra a parede, luta entre o egoísmo de tê-la para sempre ao seu lado e o altruísmo de desejar o fim da dor; dela e de todos mais.
Um último esforço e o findo ar escapa deixando apenas o vazio da inexistência. A filha levanta e abraça o pai, com seu rosto enfiado no peito dele. O marido abraça de volta e imerge sua face nos volumosos cabelos da filha. Os dois escondem seus olhos pois a realidade é horrenda demais para um mero vislumbre.
E ninguém vê. Ninguém percebe. O momento em que ela levanta-se com seu tórax inerte. Ela olha para os dois e uma única lágrima escorre. A seguir ri. Olha para a janela e começa a refletir e calcular. Se a menor força, empurra a cama com o dossel para o outro lado do quarto. Levanta os dois abraçados como se fossem pluma e os deposita carinhosamente fora do caminho.
Ela dirige-se então ao corredor e anda até o fundo. Vira-se de volta ao quarto e toma posição. Então parte. Correndo, segue toda a extensão do corredor, entra no quarto, passa pela cama e, no último instante antes de atravessar a janela, olha os dois abraçados.
E então seus pés descolam-se do chão – e da realidade. Pelo menos desta; das outras já não se sabe...
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