domingo, março 14, 2004

Eu adoro ir ao cinema! Acho que o cinema é uma linguagem que tem um potencial de criatividade e de expressão sem par!

E acontece que eu só gosto de ir ao cinema acompanhado. Não algo mais triste do que uma pessoa que vai ao cinema sozinho.

Mas esta minha baixa auto-estima resulta num problema seríssimo: o braço da cadeira.

Sim, porque os apoios de braço das cadeiras nos cinemas não são individuais. Você se vê obrigado a dividir aquele pequeno espaço com outras pessoas.

E é sempre a mesma guerra. Você senta e como quem não quer nada se apossa de seu pequeno reino fronteiriço. Você sabe que o império vizinho também está interessado naquele reino, mas se faz de desentendido.

Logo, a pessoa ao seu lado encosta o cotovelo dela ao seu e reclama a posse daquele pequeno espaço de terra. No início, é só uma encostada. A seguir, vem um leve empurrão. Este é o sinal de que o outro lado não está disposto a ceder.

A batalha tem início. É mais violenta, mais sangrenta, mais contundente do que qualquer Guernica poderia retratar! Os dois lados estão dispostos a tudo para vencer. Não há espaço para uma trégua, é vencer ou ficar com os braços cruzados o resto do filme!

Essa briga de foices, onde os dois saem machucados, não importando quem perca ou vença, é definida na base do cansaço: aquele que der o primeiro sinal de fraqueza, aquele que primeiro ceder terreno ao inimigo perderá.

Neste momento, eu uso todo o meu conhecimento da arte da guerra (adquirido, é claro, porque possuo um irmão) e, num
blitzkrieg que deixaria qualquer nazista orgulhoso, solidifico minha posição com uma imponente apoiada de corpo sobre o braço vitorioso. Não posso deixar brecha por onde meu inimigo possa voltar, por isso atocho meu cotovelo com toda a força no braço da cadeira a ponto de deixá-la marcada.

Mais uma batalha vencida na guerra pelo braço da cadeira, me volto para o filme. Eu adoro ir o cinema!

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