Tenho medo de quem necessita
Pois quem não precisa toma
Somente o que lhe interessa
Deixando de lado o que não lhe soma
Quem necessita, precisa
Tomando o que primeiro visa
Sem tempo pra escolher
A necessidade tem pressa em se satisfazer
A pressa leva à violência sem cabido
Ato de tomar, com desespero
Recuperar algo nunca pertencido
Sabendo ser seu o tempo inteiro
Como um cego com medo do escuro
Não temos escolha senão suportar
A dor de quem lhe põe em apuro
Para seus apuros suportar
No momento de desagrado incontido
Somos pegos de fingida surpresa
Sob as ruas o barulhento estampido
Na cidade que de predador virou presa
Quando o toque do celular não atendido
Um para cada mão sem vida
Vindo do londrino à procura do ente querido
Faz a mórbida sinfonia do necessitado que precisa